O bioma Caatinga é o principal ecossistema existente na Região Nordeste, estendendo-se pelo domínio de climas semi-áridos, numa área de 73.683.649 ha, 6,83% do território nacional; ocupa os estados da BA, CE, PI, PE, RN, PB, SE, AL, MA e MG. O termo Caatinga é originário do tupi-guarani e significa mata branca. É um bioma único pois, apesar de estar localizado em área de clima semi-árido, apresenta grande variedade de paisagens, relativa riqueza biológica e endemismo. A ocorrência de secas estacionais e periódicas estabelece regimes intermitentes aos rios e deixa a vegetação sem folhas. A folhagem das plantas volta a brotar e fica verde nos curtos períodos de chuvas.
A Caatinga é dominada por tipos de vegetação com características xerofíticas – formações vegetais secas, que compõem uma paisagem cálida e espinhosa – com estratos compostos por gramíneas, arbustos e árvores de porte baixo ou médio (3 a 7 metros de altura), caducifólias (folhas que caem), com grande quantidade de plantas espinhosas (exemplo: leguminosas), entremeadas de outras espécies como as cactáceas e as bromeliáceas.
Levantamentos sobre a fauna do domínio da Caatinga revelam a existência de 40 espécies de lagartos, sete espécies de anfibenídeos (espécies de lagartos sem pés), 45 espécies de serpentes, quatro de quelônios, uma de Crocodylia, 44 anfíbios anuros e uma de Gymnophiona.
A Caatinga tem sido ocupada desde os tempos do Brasil-Colônia com o regime de sesmarias e sistema de capitanias hereditárias, por meio de doações de terras, criando-se condições para a concentração fundiária. De acordo com o IBGE, 27 milhões de pessoas vivem atualmente no polígono das secas. A extração de madeira, a monocultura da cana-de-açúcar e a pecuária nas grandes propriedades (latifúndios) deram origem à exploração econômica. Na região da Caatinga, ainda é praticada a agricultura de sequeiro.
Os ecossistemas do bioma Caatinga encontram-se bastante alterados, com a substituição de espécies vegetais nativas por cultivos e pastagens. O desmatamento e as queimadas são ainda práticas comuns no preparo da terra para a agropecuária que, além de destruir a cobertura vegetal, prejudica a manutenção de populações da fauna silvestre, a qualidade da água, e o equilíbrio do clima e do solo. Aproximadamente 80% dos ecossistemas originais já foram antropizados.
PROBLEMÁTICA
Desertificação
Resultado da degradação ambiental
Desertificação é o processo de "degradação da terra nas regiões áridas, semi-áridas e subúmidas, resultante de diferentes fatores, entre eles as variações climáticas, e as atividades humanas". O termo surgiu no fim dos anos 40 para identificar áreas que estavam ficando parecidas com desertos ou aquelas em que os desertos aparentavam estar expandindo-se.
Esses locais são caracterizados pela escassez de chuva. As precipitações anuais variam entre 250 a 800 mmm/ano, geralmente concentradas em três ou quatro meses, alternadas com prolongados períodos de seca. Cerca de 1 bilhão de pessoas (um sexto da população mundial) mora em terras secas, que ocupam 37% da superfície terrestre. Nessas áreas, está também a maior concentração de pobreza.
Mais vulneráveis à erosão, essas zonas têm passado por processos de degradação dos solos, dos recursos hídricos, da vegetação e da biodiversidade, somados à redução da qualidade de vida da população. Em grande parte, por conta da exploração desordenada dos recursos, com o objetivo de produzir mais para o atender ao mercado. Por ser um problema global, a desertificação chamou a atenção da comunidade internacional que, por meio da Organização das Nações Unidas (ONU), vem buscando saída para a questão e criando espaços para a discussão sobre o tema desde a década de 70.
No Brasil, 980 mil quilômetros estão sujeitos à desertificação. Existem diferentes causas para este fenômeno, quase todas associadas ao manejo inadequado da terra. Desmatamento, queimadas, irrigação mal conduzida, pastoreio excessivo, mineração e cultivo dependentes são algumas das práticas que proporcionam perda de recursos e redução da capacidade produtiva das terras.
Os efeitos da degradação ambiental são maximizados por fatores estruturais, como má distribuição de renda, alta densidade demográfica e incompatibilidade entre atividades econômicas e condições ambientais. Estes agravantes tornam mais difícil o combate à desertificação. No Nordeste, o descuido com a natureza tem criado complicações que já podem ser percebidas: diminuição da disponibilidade de água, assoreamento do Rio São Francisco, exposição excessiva dos solos a insolação por causa do desmatamento, perda da umidade e redução da biodiversidade da caatinga. Danos de outra ordem, a exemplo da diminuição da atividade agrícola, da circulação de renda e, consequentemente, do aumento dos índices de pobreza não são menos graves e exigem políticas governamentais específicas.